Confira a reportagem produzida pelo movimento Sou de Algodão:
Estudos indicam que máscaras de algodão apresentaram melhor eficácia na contenção de micropartículas. Veja onde comprar e como fazer a sua.
Diante da pandemia do novo Coronavírus, cientistas, profissionais da saúde e pesquisadores estão unidos para compreender melhor o comportamento do vírus e, assim, estabelecer diretrizes seguras para frear o contágio. E uma notícia específica nos encheu de orgulho e esperança recentemente. Um estudo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai CETIQT) divulgou, no último dia 9, que as máscaras caseiras de tecido de algodão são as mais eficientes barreiras para micropartículas.
O bom desempenho da máscara de algodão acontece porque as fibras do tecido funcionam como uma efetiva barreira de proteção para o usuário. Elas filtram aproximadamente 50% das partículas de tamanho semelhante ao Sars-Cov-2, oferecendo maior conforto e respirabilidade.
O relatório do Senai CETIQT também usa como base uma pesquisa da Universidade de Cambridge que avalia a proteção e absorção de materiais domésticos em relação às partículas contaminantes. De acordo com este estudo, os melhores desempenhos foram dos seguintes itens que levam algodão em sua composição:
No relatório do CETIQT foram divulgados também modelos para produção industrial, com medidas apropriadas e indicações de corte. O manual pode ser baixado aqui. O relatório completo também está disponível para download gratuito aqui.
De acordo com os pesquisadores de Cambridge, outros materiais de algodão como fronhas, camisetas e echarpes também mostraram eficácia na contenção de partículas. Veja no gráfico abaixo com os dados da universidade do Reino Unido.
Além do CETIQT, o Núcleo de Estudo da Saúde do Trabalhador da Universidade Estadual de Londrina (Nuestuel) também atestaram a eficácia do algodão em máscaras caseiras. O estudo tem o objetivo de difundir a importância destes acessórios para a população em geral.
Segundo os pesquisadores da UEL, os filamentos estão muito próximos uns dos outros e esse detalhe faz com que esse tipo de tecido seja efetivo na prevenção da contaminação por Covid-19.
Comparação de eficiência entre máscaras profissionais e caseiras feitas de diferentes itens. De cima para baixo: máscara cirúrgica; saco de aspirador de pó; pano de prato; camiseta mista de algodão; fronha antimicrobiana; linho; fronha normal; seda; camiseta 100% algodão; echarpe | Fonte: www.varsoyhealthcare.com
Além da constatação de eficiência das opções para fazer o acessório com materiais do cotidiano, a máscara cirúrgica – equipamento não caseiro – ainda foi considerada a melhor barreira de proteção, capturando 97% das bactérias de 1 mícron no teste inicial.
Entretanto, como o Coronavírus tem apenas 0,1 mícron (dez vezes menor que as partículas usadas no primeiro estudo), o teste foi refeito com partículas de Bacteriófago MS2, que é 5 vezes menor que o Coronavírus.
Ilustração referente aos tamanhos de um vírus com uma micropartícula do tamanho de um grão de poeira |Fonte: www.smartairfilters.com
Mesmo sem um estudo científico conclusivo sobre a eficácia do algodão, ele é considerado uma barreira efetiva para partículas que podem se espalhar ao falar, tossir ou respirar. O ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, antes de deixar o cargo, afirmou que as máscaras caseiras de algodão são uma excelente forma caseira de evitar a contaminação. E que, no entanto, as máscaras cirúrgicas deverão ser utilizadas exclusivamente por profissionais da saúde em ambiente hospitalar.
As máscaras caseiras de algodão devem ser utilizadas quando for necessário pegar transporte público, ir ao supermercado, à farmácia, ou estar com outras pessoas no mesmo ambiente.
Como apresentado no estudo do Senai CETIQT, as máscaras de algodão são opções caseiras, para uso da população em situações cotidianas. Por isso, é preciso lavar o acessório a cada uso e prezar pela higiene já recomendada com alimentos, compras e recebimento de encomendas. A máscara é apenas uma parte dos cuidados que você deve tomar ao longo do dia, ok? Por isso, continue em casa se puder, evite aglomerações e cuide da sua saúde e de seus familiares.
De acordo com Fabiane Fernandes de Oliveira, consultora técnica responsável pelo relatório do CETIQT, “as máscaras de algodão são reutilizáveis e têm mais resistência às lavagens e ao ferro de passar, procedimentos necessários de higienização do produto para o reuso”. Por conta do algodão ser extremamente resistente, a máscara não será deformada ou perderá suas características.
Fabiane ainda lista os 5 benefícios principais do tecido de algodão nas máscaras caseiras:
1- Fácil transpiração;
2- Não causa hipersensibilidades;
3- Sensação térmica confortável (devido a fácil transpiração);
4- Sensação tátil confortável (toque macio);
5- Durabilidade (fíbra resistente a lavagens e a alta temperatura do ferro de
passar).
Veja na figura abaixo, usada no relatório do CETIQT, os diferentes tipos de máscaras e suas eficácias.
Gráfico mostra eficiência das diferentes máscaras disponíveis no mercado: da esquerda para a direita: N95; Máscara Cirúrgica; Máscara FFP1; Máscara de carvão ativado; máscara de tecidos de algodão; máscara de esponja. Itens avaliados na proteção: contaminação por vírus, bactéria, poeira e pólen. Fonte: Varsoy Healthcare
Mesmo não tendo a mesma eficácia que as máscaras de uso profissional, as máscaras de algodão também são as opções mais indicadas pelos médicos para uso cotidiano. “O ideal é deixar as máscaras cirúrgicas descartáveis para uso dos profissionais da área da saúde e a população pode usar máscaras de tecido. O uso destas máscaras protege as outras pessoas e se todos usarem estaremos protegendo uns aos outros”, explica a médica infectologia e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Irene Habe.
As máscaras caseiras de algodão são opções democráticas e simples para você se proteger nesta época de pandemia. O estilista Jorge Feitosa, parceiro Sou de Algodão, disponibilizou um molde para quem deseja costurar o seu próprio acessório. CLIQUE AQUI.
Além disso, em seu Instagram, Jorge também estimula artesãos a produzirem máscaras para doação em suas comunidades e dá diretrizes para o uso correto e seguro do item.
Jorge Feitosa ensina a fazer sua própria máscara de tecido | Instagram
As máscaras já se tornaram acessório comum na Ásia por conta de epidemias anteriores. A partir da precaução e do cuidado do povo asiático, a máscara também ocupou seu lugar no universo da moda e passou a ser um item “fashionable”.
Marcas como Louis Vuitton, Channel, Levi’s, Gucci e Fendi já apostaram no acessório como objeto de desejo e ganharam a chancela de celebridades ao redor do mundo. Essa matéria do New York Times explica bem sobre este fenômeno.
Aparentemente, esta será uma tendência ao redor do mundo durante e após a pandemia do Coronavirus. Aqui no Brasil, não deverá ser diferente. Por ora, indústria têxtil ainda tenta entender a nova perspectiva de consumo e tem colocado a prevenção à frente do desejo de compra.
Muitas marcas parceiras do movimento Sou de Algodão estão se dedicando à fabricação e comercialização de máscaras de tecido. Além disso, muitas se uniram em ações solidárias para doar os acessórios a quem precisa, como contamos neste artigo.
Máscaras de algodão produzidas e doadas pela Mon Petit, em Goiás | Foto: Instagram Amor em Ação
Link: https://soudealgodao.com.br/estudo-mostra-a-eficiencia-das-mascaras-de-algodao/